sexta-feira, 27 de abril de 2012

a la Chanel

Por muito tempo, meu cabelo foi minha "marca registrada", ponto de referência. Há quase quatro anos, depois de algumas mudanças, simplesmente deixei que os fios crescessem naturalmente, como são, até o ponto em que eu podia ser identificada primordialmente pela vasta cabeleira cacheada e "arruivada" que fazia de mim, pobre menina magricela, algo de maior, algo de mulher, mulher-leoa, como o signo. E fiquei assim por um bom tempo, mas sempre com a vontade - na cabeça! - de um dia cortá-lo o mais curto que pudesse. Nunca o fiz, acho que não combina com meu rosto, nem com a minha magreza. Talvez como Sansão, a ausência das madeixas omitisse a minha força ou, no mínimo, me deixasse ainda mais insegura comigo mesma e com meu corpo do que já sou. Que um corte pudesse cortar também todo o avanço que alcancei rumo a adulta-idade.
Bem, ontem eu cortei meu cabelo. Ficou curto, acima do ombro, como outrora já o tive. E para a minha surpresa, essa nova moldura, como dizem, não dissipou a expressão que o meu rosto adquiriu com as últimas experiências. Ainda está lá - ainda estou lá!
E, usando as referências das cores em que venho pensando, cabelo nenhum me levará de volta à infância-amarela, agora que sou juventude-azul.