quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Corroborando

Chegara de viagem. Chovia. Buscou as malas no carro assim mesmo. Correu pro banheiro a tomar banho. Voltou, desfez as malas. Pôs-se a ligar para eles, mas não atendiam. Rede ocupada. Caixa postal. Rede ocupada. Tum... Tum... Tum... Rede ocupada. Rede ocupada. Desistiu. Ligou a TV. Largou-se na cama, o corpo reclamando o cansaço. Haviam dito seria às 18h, já passava das 19h. Tentou mais uma vez. Rede ocupada. Rede ocupada. Deixou-se estar largada – o corpo pedia descanso. O telefone tocou. Seria às 20h, como antes planejado, se haviam antecipado não sabia. Então, às 20h. Mas precisava confirmar. Ligou novamente. Rede ocupada. Rede ocupada. Lembrou-se de mandar mensagem: nao consigo falar c vcs, assim q chegarem, por favor, deem um toque. xero. Ele retornou. Viria buscá-la entre as 20h e as 20h30. Foi arrumar-se. Sentou no sofá da sala, esperando. O telefone não tocava. Voltou ao quarto, sentou na cadeira. Procurou algo com que se entreter. Achou qualquer coisa para ler. Começou, não conseguiu sair da quarta linha. Pegou o violão. Desistiu. Olhou no telefone, eram 20h50. A essa altura se dependurava na janela a ver os carros passar, procurando reconhecer o dele. Nada. Não é vermelho, nem é sedan, nem caminhonete, nem deve seguir direto na pista. Reparava nos carros em que a seta indicava a esquerda. 21h05. Viu o modelo compacto azul marinho fazer a curva. Levantou-se. Esperou o telefone tocar. Não tocou. Não devia ser ele. Virou-se a olhar de volta pela janela e viu outro compacto azul marinho virar a esquina. Quando olhou de novo, viu outro, e mais outro, e mais dois, e cinco, 12, dúzias deles com suas setas piscando em sincronia, indicando a esquerda e virando à esquina. Como um exército organizado, em marcha para uma batalha, avançavam tensos em sua velocidade baixa, à espreita do movimento inimigo. Todos em fila a virar a esquina.

Quando o telefone tocou, já não podia atendê-lo.

Rememorando

– Ela é gata, viu...
– É? Deve ser a maturidade.
– Não, meu bem, são as pernas mesmo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Arrasada, acabada, maltratada, torturada

minha primeira audição com o Cello foi__________



Desprezada, liquidada, sem estrada pra fugir
Sente um frio na costela e uma ânsia de sumir




ontem o dia foram dois
e meu porto seguro foi, mais uma vez, meu inferno.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Terçã por Tiersen

Que nada, a febre é mesmo diária. E é vermelha, vermelho cor de sangue, sangue de minha mãe que já amava antes de mim. Sua vontade de aprender o acordeón se tornou retroativa e em mim causou essa paixãoadmiração que venho alimentando por um cara, conhecido meu de pouco, uma francês chamado Yann Tiersen. Nos últimos ensaios Regina vinha colocando como fundo musical um acordeón que eu sabia francês. Lindo. Vontade que dava de parar tudo pra só ouvir aquilo. Daí fui procurar no youtube (a quem sempre recorro nessas horas) músicas francesas executadas com acordeón, assim, sem objetivo definido. Achei um vídeo de dois caras num bar (super barulhento!), um tocando violino, outro tocando o acordeón, no meio daquela muvuca mas como se sozinhos. Barulho à parte, me apaixonei. A música era La Valse d´Amélie. Enfim, há uns dias venho enlouquecendo ouvindo a sonoridade maravilhosa de suas composições e de seu instrumento - o qual não tenho a mínima vontade de aprender, diga-se de passagem. É, sim, dos que mais gosto de ouvir, mas não me vejo tocando, relação contrária a que tenho com o cello. E por falar em cello, o meu vou buscá-lo na terça (uma terça terçã, 16, aniversário de minha mãe) e digo mesmo: já fiz o download da partitura de Amélie. Mas, ah, se toco...


os caras no bar:
http://www.youtube.com/watch?v=9jHT2yjvBo0

domingo, 31 de outubro de 2010

Agreste (Malva-rosa)

de Newton Moreno, trechos


Quieta. A noite parecia uma pergunta difícil.

É muito triste uma mulher comendo
e chorando.

Não entendia
a morte. Não entendia homem. Naquele
momento, só entendia a perda.

Incomodou-a estar só.
Queria cantar para ouvir alguém.
Não sabia se Jesus estava com ela ou não.
Tinha Deus como uma certeza, mas às vezes achava
que Deus podia aparecer, tomar um café, enrolar
um fumo. Ficar mais íntimo. [...]
Olhe, Música e Deus ninguém vê.

Mesmo assim, a viúva acendeu o candeeiro.
Viu-se por inteiro pela primeira vez. Descobriu
então o que era mulher.

Cruel, a natureza é
Dá o sol na desmedida
Dá um corpo na desmedida
Dá o amor na desmedida.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Filha da simplicidade

É como se às vezes eu esquecesse que tive mãe. Mas ela está aqui, está em mim. Eu também sou ela quando me aprazo no trabalho em grupo, quando sou dramática e choro por qualquer palavra mal-dita. Também sou ela quando meu pai me faz sofrer – por me amar? Talvez tenha sido esse também o motivo pelo qual a fazia sofrer, mas ela também o amava, assim como eu. Mas parece que, em algumas questões, ele foi do verde para o podre e é mais dramático que nós duas juntas. É egoísta, não consegue se desprender de mim por medo de me perder, não se orgulha nem se alegra ao me ver a cada dia mais dona de mim por medo de me perder. Porque ele pensa que eu penso que sou alguma coisa, mas eu não penso, só ajo, e como ele quer que eu seja se não me solta as amarras? É como se eu só tivesse tido pai a vida inteira e ele se transformou numa figura absolutamente forte, um alter-ego que me acompanhará até não sei quando. Então, ao invés de eu contar meus planos e projetos, meus feitos secretos (secretos?) eu me calo, porque sei que ele não vai compartilhar desse momento bom, vai transformá-lo em agonia, em coisa ruim, em vontade de desistir, em panela de (de)pressão. Tenho me emocionado com as coisas mais banais que pode haver, com as conversas nas cozinhas alheias, com o café quente, com a bagunça no quarto, com o violão quebrado, porque não quero nada além de tais bobagens. Porque sou filha de minha mãe, sou filha da simplicidade, não do discurso diário sobre o último lançamento da Chevrolet, mas da mulher que quis um dia viver à beira da lagoa, entre ínfimas quatro paredes, tendo um fogão, uma cama e uma cômoda como única estrutura. É desta que sou filha. E quer saber, pai? Eu te amo, mas vai pra puta que pariu.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Uma crônica musical

de João de Barro


Mané Fogueteiro era o Deus das crianças,
da vila distante de três corações,
em dia de festa fazia rodinhas,
soltava foguete, soltava balões.
Mané Fogueteiro gostava da Rosa,
cabocla mais linda esse mundo não tem,
mas o pior é que o Zé Boticário,
gostava um bocado da Rosa também.
Um dia encontraram Mané Fogueteiro
de olhos vidrados, de bruços no chão:
um tiro certeiro varara-lhe o peito,
de volta da festa do Juca Romão.
E como os que morrem de tiro conservam
a ultima cena nos olhos sem luz,
um claro foguete de lagrimas frias,
alguém viu brilhar em seus olhos azuis.

Tudo são trechos que escuto, vem dela,
pois minha mãe é minha voz, como será que isso era?
Este som que hoje sim gera sois dói, dói,
aquele que considera a saudade,
uma mera contraluz que vem,
do que ficou pra trás, não este só desfaz
o ciclo
e a Rosa também.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Por uma vida ordinária

mais uma estória de cozinha


Dá pra ver dali daquele inox, redondo, ou melhor, chato, porque ele não oxida, nós é que sim, embora essa seja uma de minhas vontades, ou suponho ser o caminho para se chegar à principal delas. Redondo não, melhor, circular. Dá pra ver refletido o fogão,o microondas, a fruteira, o balcão, a mesa e, sentada na cadeira, dá pra ver a mim. Mas é tudo torto e eu não sei mais por que leis da Física para informar-lhes, mas sei que tem a ver com ótica. O que me faz lembrar a ópicis, a estética, a parte visual de um espetáculo. Aqui a cozinha toda é o palco, os eletros e móveis são cenário e eu uma personagem inativa a la Tchécov. Ao menos enquanto dura o meu repouso. Os olhos hipinóticos estão fixos na tigela inoxidável lá em cima do armário. Isso, de cima. Me impressiono porque dá pra ver muito e de um ângulo não habitual. Bonito isso, eu sentada na cadeira ao lado da mesa, o braço direito apoiado nela, as pernas uma na vertical outra na horizontal cruzadas sobre o assento. É uma cena. É bonita, não digo mais. A não ser que a beleza venha do ordinário da imagem. É que estou só em cena, só no meio da cozinha, que pertence à casa que, julgando a imagem, diriam que minha. É simples, e ela está feliz.
É outro dia. No movimento do corpo que lava roupa, de repente se depara com a imagem. Por um momento seria vista pela projeção de sua sombra num canto da cozinha, o Sol vermelho, encarnado atrás de si. Ela para e vai escrever esta frase na agenda. Depois volta e pensa que sua sombra representou, de certo modo, uma companhia. Uma companhia de cílios e nariz longo, como é seu perfil. Ela pensa que a sombra podia dar lugar a cores de verdade, a um corpo em 3D, que se iluminaria à presença do Sol. Um corpo que falasse, que sentisse, do qual gostasse. Um corpo que a deitaria agora, agora que está de saia e sutiã, em pleno calor de seu quarto, a grafar linhas. E se sentiriam até a respiração ser uma só, um só ritmo, como era com aquela sombra. Apenasmente. Uma casa, um lar e uma companhia, ordinariamente.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Saramago,

José



As mulheres, decididamente, triunfavam. Os seus órgãos genitais, com perdão da crueza anatómica, eram afinal a expressão, simultaneamente reduzida e ampliada, da mecânica expulsória do universo, toda essa maquinaria que procede por extracção, esse nada que vai ser tudo, essa ininterrupta passagem do pequeno ao grande, do finito ao infinito. [...]
quanto são insuficientes as palavras à medida que nos aproximamos da fronteira do inefável, queremos dizer amor e não nos chega à língua, queremos dizer quero e dizemos não posso.



das últimas páginas d´A jangada de Pedra,
ou tudo o que eu quis exprimir.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Fail

222 = ônibus errado. peguei ele 20 minutos adiantada e cheguei 15 atrasada na aula. resultado (da aula): péssima. fiquei nervosa, os dedos tremiam, nada de prazer. não sei se o professor acreditou no motivos de meu atraso. a cara cínica dele não permite sabê-lo, mas enfim. apesar da má execução do tema e das variações anteriores ele me passou duas músicas novas. chamam-se "Canção Francesa" e "Remando Suave". estressada como estava, foi só ele começar a tocar pra eu, num esforço sobrehumano, conter as lágrimas. quando me passou o cello e eu comecei a tocar, perguntou já havia tocado essa? não. tens o ouvido bom, hein? poderia ter dito não é o ouvido, é esse bem estar que vem tomando conta de mim desde que -- pra não dizer coração na iminência de uma paixão, que soa brega. até lingerie colorida andei comprando. anyway. a cabeça voava longe. depois dos meus quinze minutos de (tensa) aula, corri pra adufcg, onde estava havendo A Hora da Poesia. tema da vez: loucura. cheguei no finalzinho, a tempo de ouvir Mayra tocando violino lindamente (e aí as lágrimas vieram sem censura) e de eu falar um texto que, como expliquei na hora, não é poema, mas não deixa de ser poesia, contida n'A jangada de Pedra de Saramago.

A saber:

Ela é a que segue com os
olhos o comboio que vai passando e entristece de saudade da viagem que
não fará, ela é a que não pode ver um pássaro no céu sem experimentar um
apetite de alciónico voo, ela é a que, ao sumir-se um barco no
horizonte, arranca da alma um suspiro trémulo.


um pouco mais relaxada, voltei pra esperar a sala estar livre e aí me tranquei com o violoncelo durante uma hora, limite ao qual 'inda não havia chegado. isso por que me encantei pela música francesa, e só parei por que meus dedos pediam trégua, pelo amor de Deus. do contrário passaria o resto da noite tocando, repetindo, tocando, repetindo, tocando, repetindo a mesma música. das outras vezes parava por cansar da canção mesmo. mas dessa vez... bem, a melodia é simples, mas multipliquem por infinito o prazer que é tocá-la.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Da enunciação

Não queria fazer A Troca da Lígia Bojunga e agora tenho uma teoria científica para explicar meus motivos. Bakhtin, o próprio, disse que quando se vai expressar alguma ideia, ela perde a sua pureza. E isso porque, entre outras coisas, fica condicionada aos signos -- sociais, eis o maior problema -- pelos quais é traduzida. Nunca conseguimos explicar exatamente o que pensamos e, na minha opinião, a coisa fica diminuída. Falo da dimensão para o prórpio ser pensante mesmo.Enquanto era só atividade mental, ok, mas no momento em que sai, expresso, a coisa perde o seu valor.Ou talvez esse seja mesmo o efeito d´A Troca, mas ao invés de me sentir aliviada, como a menina-escritora, me sinto ridícula, pequena.
Isto posto, não iremos aos fatos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Quase lá

Hoje é daqueles dias em que acordo com a alma baranga. Feia não, o cão. Mas, enfim, isso passa. É que, como cantaria a Ná Ozzetti, "falta alguma coisa em mim...
mas eu preciso decidir rápido por que já estou ficando atrasada"
Kamikase, suicída, não importam as consequências, desse final de semana não passa.
E tenho dito.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Uma dose de testosterona

Não foi num bar, não foi numa clínica, foi por osmose. E quase que tive um entendimento pleno da poesia sexy/erótica de Elisa Lucinda. Ele é mais novo. É simples, gentil, esforçado. E me emocionou. Me senti atraída por esse garoto, a coisa física mesmo que atrai a mulher ao bicho homem. Mas uma vontade de cuidar, de ensinar, de tocar sua pele já um pouco lanhada pelos dias. E o que me leva a escrever aqui sobre isso nada mais é que a surpresa desse instinto, que até agora eu desconhecia.








Hoje tive a minha primeira aula de violoncelo. Amei. A sensação do contato do instrumento no meu corpo, maravilhosa. A vibração que reverbera neste meu corpo que foi feito para as cordas é uma sensação de... vida. Vida pulsante.



Andei, por andar andei, e todo caminho deu no mar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Conto nº 1


fábula: o elefante e a formiga


Era uma vez uma formiginha bem pequenininha, e um elefante bem grandão.
Um dia a formiguinha ia andando alegremente quando de repente viu o elefante correndo atrás dela "eu vou pegar você!"
Então, a formiguinha correu e se escondeu num buraquinho, que era a casa dela. O elefante tentou entrar lá, mas como era muito grande não coube. Então se abaixou, olhou pelo buraco para a formiguinha e disse "eu vou embora, mas depois eu volto pra pegar você"
A formiguinha ficou bem quietinha, escondida na sua casa, esperando o elefante ir embora. Esperou, esperou... depois de um tempo, olhou pelo buraco e viu que ele tinha mesmo ido embora. Então, bem de fininho, foi saindo do buraco. Entõa, feliz, continuou caminhando até esquecer do elefante.
Mas quando menos esperava, viu o elefante correndo atrás dela "eu vou pegar você!". Então ela, novamente, correu e se escondeu no buraquinho bem a tempo dele alcançá-la. E mais uma vez esperou bem quietinha enquanto o elefante bufava de raiva e ia embora.
Depois da terceira tentativa, o elefante desistiu. Cançado, se encostou por ali mesmo e cantou para a formiga
"enquanto você dorme numa cama
fofinha, fofinha
eu durmo numa cama sem colchão
- toda de pau
e moro numa taperinha"

terça-feira, 27 de julho de 2010

A cama

na madrugada de ontem


Era bom aquele lugar do qual me recordo agora não sei por que. Nunca sabemos onde a meada desenrolará seu fio de pensamento naquele estágio de pré-sono. E não posso dizer que para por que continua, mas acabou chegando ao sítio da minha infância. Jamais hei de dormir melhor sono que os daquelas noites sertanejas. Nunca nenhuma outra cama me acalentará tão gostosamente quanto aquela velhinha, rangendo a velhice, desbotando o branco da tinta velha. Já na época eu dizia que preferia mil vezes aquela à de meu quarto oficial. “Então vamos trocar”, minha mãe dizia. Mas claro que fora do contexto a cama não teria o sabor igual. Me lembro que na hora de dormir eu me deitava, pedia meu leite com chocolate a mainha e depois do boa noite eu me encolhia sob o lençol fino e quentinho que até hoje guardo comigo; e enquanto os adultos continuavam na sala vendo a televisão pessimamente sintonizada, eu ouvia os sons da noite. Ouvia o uivo sinistro do vento pela fresta da janela. Ouvia o cantar agourento dos pássaros da noite. Ouvia o chocalho das vacas no curral a diante e por vezes jurei ouvir o barulho de uma criatura mágica que morava os sítios e a quem meu pai chamava Comadre Fulôrzinha. Por outras, via refletido no chão o reflexo de uma luz cuja origem nunca consegui encontrar em canto algum do céu. Depois imaginava lagos encantados escondidos por detrás das árvores que se seguiam para além da casa e cavalos lindos e brilhantes (eu gostava de cavalos) muito parecidos com os da animação contida no meu vídeo de primeiro aninho. E enquanto me aventurava em sua companhia perdia o fio do pensamento até adormecer como faço agora. Mas a cama

sábado, 24 de julho de 2010

Not to bad

21h03. Chego a pouco da casa de Larissa. Foi só o tempo de fazer xixi, tirar o sutiã, repor meu Lucinda que estava com ela na prateleira, comer a última fatia de pizza para eu sentar aqui e começar a escrever.

O dia foi ótimo. Me diverti muito mais do que se tivesse com a preocupação de voltar pra casa e me arrumar pra ir ao show do artista que nem gosto tanto assim. Eu voltei a jogar vôlei!... ou pelo menos por uma tarde. Redescobri o prazer do esporte que oito anos antes tive que parar de praticar por conta de uma hepatite. Mas hoje eu arrasei. Não tava mais com medo da bola e se não me atirava no chão pra pegá-la era por amor aos meus joelhos. Agora sou quase adulta e preciso me manter, no mínimo, apresentável. Mas foi uma maravilha, ganhamos quase todos os setes. Preciso repetir a dose qualquer dia. Quem sabe semana que vem...

Isso, o jogo, foi na casa de Cidcley. Na volta parei na casa de Lari pra provar a geléia que ela havia feito e da qual desde ontem fazia propaganda. Realmente, uma delícia. Acho que vou fazer dela aqui em casa!

Na cozinha, conversando, ou melhor, ainda antes, na casa de Cid, ela havia me falado que. Já na cozinha da casa dela, conversando eu, ela, a irmã e a mãe essas conversas de cozinha que só as mulheres sabem, a mãe contou que.

21h24. Uma pausa para lavar os pratos. Continuo: o marido chegou. Ela olha pra ele com os olhos fixos das mulheres que olham para os maridos que chegam [...] daquela mulher que é a mãe de suas filhas, a dona do seu lar e companheira de todas as horas. Ou respeito. Ele põe a chave do carro em cima da mesa “se quiser sair”. Ela faz uma drama como “mas a essa hora, pra onde é que eu vou?”. Bem, foi pelo menos me deixar em casa. Aquela cena familiar, hoje, sábado, final de mês, deve ter se repetido em outras, não poucas, casas por aí. [...] Minha realidade é bem diferente da de meus amigos. Morando com meu pai e sua atual esposa e filhos, conservo uma certa independência emocional.[...] Agora estou trancada no meu quarto e a vida de meu pai e sua nova família acontece porta afora sem que eu me incomode muito com ela. Essa preocupação não tenho mais. E por não querer voltar a tê-la é que está fora dos meus planos uma relação conjugal. Cada célula de meu corpo se movimenta em busca de liberdade. Apesar do barulho e das, graças a algumas mudanças cada vez menos, intromissões, considero minha convivência com esta família muito boa. E claro, muito diferente.

Obrigada, todos os deuses.

E caminhemos.

21h37.





PS: algumas passagens dessa estória podem ficar ininteligíveis. elas foram cortadas em favor da privacidade das personagens. afinal, a estória não é, de todo, minha.

Clarice

Lispector, parte n.




Acho que devemos fazer coisa proibida
– senão sufocamos.
Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Revisitando Macondo

Estou lendo Cem Anos de Solidão, aquele clássico do García Márquez, pela segunda vez, coisa que geralmente não faço com livro nenhum, já que existem outros milhões me agurdando para serem lidos. Mas deu-me a vontade e tive curiosidade de saber como reagiria dois anos depois de tê-lo lido. Na época eu ainda alcançava meus 17 anos e acho que não tive base suficiente para compreendê-lo. Achei a coisa mais sem pé nem cabeça do mundo. Extenso. Quase chato. Mas agora... Agora vejo fantasia, muita fantasia e uma carga enorme de conhecimento de todas as áreas do, novamente, conhecimento e cultura humanos pelo autor no enredo e seus personagens. A ourivesaria, a cartomancia, o mito ou lenda ou do que queiram chamar a pedra filosofal, os fantasmas, as doenaçs enigmáticas, a inteligência irresponsável de José Arcadio Buendía, os espírito de comando feminino em Úrsula, fora o complicado desenvolvimento da árvore genealógica dos Buendía que a certa altura do livro vai nos enlouquecendo. Tudo isso encontramos em Macondo, um povoado longe de tudo e perto do nada.
Enfim, queria poder dizer mais e melhor, mas digo que estou gostando mais dessa leitura. Daqui a mais dois anos pretendo lê-lo de novo. Até lá...

sábado, 10 de julho de 2010

Profecia

por Marina Lima e Antônio Cícero


Tchau, coroa
Tchau, Tchau cara
Sim, o tempo voa
Sou mulher já
Tem alguém à espera
Que vai ficar uma fera
Se eu demorar demais
Tem essa fissura, tem minha loucura
Tem a de vocês
Vocês sabem que eu os amo
E muito
Mas com licença eu vou à luta
Sem limite
E se a terra é mesmo fruta
Eu tenho apetite

Tchau, coroa
Tchau, tchau, cara
Sim, o tempo voa
Sou mulher já
A gente se liga
Tarde demais pra brigar
Pra que ficar rancor
Eu quero viver
Sim, quero viver
Vou com meu amor
Mas vocês sabem que eu os amo
E muito
Mas com licença eu vou à luta
Já disse
E nem tem essa de culpa
E nem tem palpite
Tchau

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Out

por uns dias.
Dessa vez não vou dizer que senti falta do espaço.
Não senti.
As últimas vivências-experiências-desvalamentos me fizeram mais livre deste mundinho virtual.
Algumas percepções vieram à tona.
Não vou fazer relato de meus feitos nos últimos (realmente bons) dias.
Descobri que sou alienada.
Descobri que ainda vivemos com censura, física mesmo, e ridícula.
Descobri ingenuidades em quem menos esperava.
E foi por demais forte simbolicamente par´eu não me abalar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tô cansada... *

*verso primeiro de Movimento dos Barcos, de Macalé.


De fato, ando cansada. Da universidade; da universal falta de interesse das pessoas; das suas conversas; do meu jeito hilst de ser.
Essa semana parece que não acaba nunca.
Amanhã vamos apresentar Medéia/Gota D´água lá no Ceduc, e isso sim me faz bem e me dá vontade de levantar de manhã. E por falar em, hoje pela manhã passei pelo menos uma hora em estado de vigília mefitando se iria ou não à faculdade. Fui. De lá fui ao museu resolver uma coisa e acabei encontrando Suellen (a Medéia) e isso alegrou mais o meu dia. Nós vamos viajar sábado para João Pessoa. O Fenart (Festival Nacional de Arte) começa no domingo e vai até o outro sábado. A programação tá babadoO! Tou louca pra ir e já avisei a todos que próxima semana podem esquecer que eu existio. Desisto, me dou férias... acho que mereço. Professores, tchau, viu? Tou indo.
Se antes as quartas eram motivo de ansiedade para mim, pois neste dia ensaiávamos Tempo de Guerra, hoje foi só desilusão. Estão boicotando o projeto e alguém precisa dar um grito de basta nisso. O ensaio seria a única coisa que curaria por algumas horas a preguiça crônica com que ando. But...
Recebi uma boa notícia hoje, a qual não posso publicar por medo da inveja alheia. Sorry.
Sexta-feira vai ter show da Bison Jazz Orchestra lá no Garden. A Su vai comigo \o/ Estou ansiosíssima pra isso. Será o primeiro show de jazz a que vou assistir. Espero chorar muito!
Sábado ainda tenho aula e ensaio (Copenhagen, que vai se estender mais um pouco. A nova previsão de estréia está para o fim de julho ¬¬). Mas de lá euu já pego a estrada direto e dou adeus aos problemas e às pessoas (só algumas) daqui. Nayara não exixtirá. Nara é que estará no Fenart, linda e feliz, pois o que seria da minha life sem a arte?
Acho que só volto a postar aqui quando chegar de viagem, provavelmente mais concisa e menos fatigada. Ou assim espero.

Enquanto espero...
http://www.janelacultural.com/?p=6764

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A atriz disse em vez certa: palco vazio é a imagem da solidão



As imagens acima traduzem uma palavra: solidão. Os descaso de alguns governos com os patrimônios culturais que não são deles, mas de qualquer um que ame a arte em todas as suas manifestações, é penoso. Essas são fotos do antigo Cine São José, localizado próximo ao centro da cidade de Campina Grande, PB. Há mais de dez anos desativado, terça passada foi iniciada uma semana de apresentações culturais (em sua faixada, em meio ao lixo) em protesto ao abandono do prédio. O que é requerido é a doação do cine para a Universidade Estadual da Paraíba. Próximo à faculdade de Comunicação, o cine-teatro reformado seria mais uma alternativa para esta cidade que anda com sua atividade cultural pelas tabelas. O Teatro Municipal em reforma há mais de um ano, sobra apenas o Sesc, o Museu de Artes e o Centro Cultural como espaços para ensaios e demais atividades que ainda resistem em manter a tradição cultural desta cidade que está morrendo. Mas as "causas individuais" ameaçam levar vantagem nessa briga.
Fiquei impressionada com o tamanho do Cine. Deve ter capacidade para umas 500 pessoas na plateia e o palco... enorme! Vejam na última foto (eu no centro dele, admiradíssima). Enquanto nós, artistas, penamos por lugar para ensaiar aquele espaço maravilhoso pedindo atenção. Nós demos. Nós daremos e brigaremos até a última gota de nosso suor.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Reflexão sobre a reflexão

Cheguei de JP agora há pouco. Verificando o e-mail concluí que terei uma semana cheia. Tão cheia que nem sei se dará tempo pra continuar a reflexão que vinha desenvolvendo esse final de semana. Sobre essa teia de relações que tecemos ao longo da vida, sobre os espaços que cada um de nós, centro de nossos prórpios universos, reservamos para as pessoas que passam pela nossa vida enquanto passamos pelas delas. A sequência de decisões que venho tomando a cada dia estão cada vez mais subjugadas aos meus laços afetivos. Corro riscos, tomo consciência de injustiças, mas não há como fugir delas. O futuro é traçado após a escuta de uma simples frase e o amor nos leva outra vez.
Mas eu quero mais é que se dane o futuro e todos os planos sobre ele, pois no final eu terei, apenasmente, vivido. E não morrido.
Pois já diria Maitê:
não se morre de intensidade. morre-se, ao contrário, pelo embrutecimento.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Nota

Ganhei uma vez, há alguns anos atrás, um livrinho com a história do Corcunda de Notre Dame que vinha acompanhado de uma fita k7. Eu lia e ao mesmo tempo que lia ouvia a história dramatizada na fita.
Hoje me peguei lendo e ouvindo Emmanuel Marinho, poeta. Ouvir sem ler não daria, pois atentamos melhor para o significado de seus poemas musicados. O contrário também seria inviável, pois parte da beleza da obra está na música.

mas que bom que não perdi o hábito.

Freedom, freedom

O espírito da Liberdade bateu aqui ontem.
Ele é intenso, revigorante e traz aquela alegria de viver.
Espero que esse Rosário de Piscadas comece, finalmente, a piscar.

sábado, 1 de maio de 2010

Aquele animalzinho que todo mundo acha asqueroso, eu sempre achei bonitinho

O que é o que é... pequeno, peludo, tem asas, mas não é pássaro, tem caninos que lembram vampiros, dorme de cabeça pra baixo e só sai à noite?

Ele é tido como o único mamífero que tem asas.
E
Jards Macalé - um morcego na porta principal
?
Parece que tentaram cortar as asas do morcego mais sem noção, mais de esquerda, mais genial, mais autêntico, mais honesto deste país.
Pensam que conseguiram, coitados.

Agora, voltando ao bom senso e escrevendo de forma entendível.
Há um tempo atrás foi transmitido pelo Canal Brasil (salve!) o doc. supracitado. Eu resolvi assistir por que na propaganda aparecia a Betha como uma das depoentes, aquelas pessoas que são convidadas a falar sobre a figura tratada no documentário. Pensei, "só pode prestar um negócio desses, ela não é de aparecer em qualquer canto". E não me enganei. Me apaixonei pelo cara! Inacreditável, unbelivable! Nem toda loucura é genial, mas a dele certamente é genuína, legítima. Algumas cenas:
#Durante a ditadura militar ele fez um show sentado uma privada no MASP.
#Queria e fez uma mobilização para que fosse inserido no tema da bandeira nacional a palavra "amor" pois, como ele alega, o lema positivista original a contém: o amor por base, a ordem por princípio e o progresso por fim.
#Foi o violonista do Show Opinião.
#É o compositor da música que relata o meu drama existencial, "Movimento dos Barcos", gravada por Betha no Rosa dos Ventos (apenash).
#E outra, ele tem uma maneira de tocar violão que eu nunca tinha visto na minha life! Ele tá cagando prs acordes, vai tocando como dá na telha e o pior é que dá certo! E cantando então? desestrutura completamente a música e vai fazendo, fazendo, fazendo até só Deus sabe quando. Comentando com Regina ela me falou que, na verdade, ele é discípulo de um mestre maior, um negão chamado Ithamar Assumpção. Me emprestou um disco dele que quanto mais ouço mais gosto. Pelamordedeus, ouçam-no, e perdoem a apelação aqui, mas é que vale a pena.
Macalé sempre foi considerado um artista maldito (claro), do mesmo jeito que Castro Alves. Mas ele tá cagando pra quem o chama assim.
Enfim, se puderem assistam ao doc. também e se apaixone como eu.

Uma palhinha... http://www.youtube.com/watch?v=dusO5vIbOoE

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Alice

Ruiz



este sinal de batom
num guardanapo
pode bem ser de um beijo
mancha num trapo
pode querer dizer nada
ou então dizer
que eu te aguardo
a boca num pano mudo
papel que faço
desejo pano de fundo
que eu disfarço
dor que nem bem se escondeu
e ninguém vê
ou só eu
e alguma tarde
você

terça-feira, 27 de abril de 2010

Por impossibilidade de

venho publicar isto aqui.

A vizinhança inteira ouviu. Naquela tarde que tinha tudo para ser só a de mais um domingo modorrento, de repente fez-se alarme. Talvez não tão de repente assim. Há algum tempo já vínhamos reparando naquele casal. Eles, que chegaram à rua recém casados e que se fizeram exemplo desde então. Barulho na casa deles já estávamos acostumados a ouvir, tantos eram os risos, as gargalhadas e a música que os finais de semana abrigavam. Entre aqueles, espaços silenciosos que sabíamos guardar beijos e amassos. A rua inteira se animava quando vinham seus amigos para as freqüentes reuniões. Toda ela se enchia de alegria ao respirar a vida que aquele casal exalava. Pareciam viver numa eterna lua-de-mel. Mas, nos últimos meses, o silêncio havia penetrado na casa como uma doença, uma enfermidade que eles tentaram esconder, mas que o próprio segredo acabou por denunciar-se. Os intervalos mudos de amor que conhecíamos não eram aqueles que agora davam um ar patológico à casa. Como poderiam duas pessoas tão exclamativas de súbito calar-se? Não era normal. Algo estava acontecendo para que tivessem cessado as gargalhadas e a música. A mudez estourou:


– Olhe aqui... olha pra mim!

É hoje que cê vai sair daqui.

Mas não, não vai assim...

Quer antes, por obséquio, me devolver o equilíbrio?

Quer me devolver o sono que sumiu?

– Não, por mim tudo bem. Pode guardar

As sobras de tudo que chamam lar.

Inclusive a aliança cê pode empenhar

Que nem pelo estrago eu vou lhe cobrar.

– Ok, o farei.

Mas e o meu marcapasso, dá pra consertar?

Será que dá também pra consertar meu espelho?

Mas, ainda antes disso, fica de joelhos

E começa a cuspir todos os meus beijos!

– São as sombras de tudo o que fomos nós.

Momentos de intensa emoção.

E as marcas do amor nos nossos lençóis...

– São só sentimentos de penetração,

Ensaios de idas e vindas,

Coreografias de línguas

Que a gente chamou de tesão.

– Meu pobre coração

Tão dilacerado...

– Eu li numa revista.

Bobagem isso que chamam de amor à primeira vista

– ... toda medicina do mundo

´Inda seria pouca.

– Aproveita e apaga

O gosto de pescoço da minha boca!

Detetiza a chateação que a gente chamou de desejo.

– Trata-se, então, de um despejo?

– E, por favor, ao bater o portão não faça alarde.

– Deixo tudo, levo apenas saudade

E a leve impressão de que já vou tarde.


sábado, 24 de abril de 2010

O meu luto é a saudade e saudade não tem cor

preto? não. hoje as cores serão vivas.


Pois, não tive nem condições de sentar aqui para escrever o que quer que fosse ontem.
O psicológico completamente arrasado.
Uma antileonina que adora se esconder,
mas que nem sempre consegue.
Desde a quarta que venho me torturando um pouco. Eis:
21/04: lembro, não sei porque raios, da mecha de cabelo de minha mãe que está guardado dentro de um envelope, dentro de sua antiga Bíblia, dentro da 4ª gaveta de minha comôda, bem lá no fundo. e decido pegá-la.
22/04: vou ao Sesc assistir a um espetáculo da Cia. Tato (PR), Tropeço, que conta a história de amor e de vida entre duas velhinhas com a manipulação não de bonecos, mas das próprias mãos. lindo, sesibilíssimo. em narrativa não linear, mostra a solidão de uma das velhinhas lembrando os momentos felizes quando a outra ainda era viva.
23/04: ensaio de Tempo de Guerra. fomos recuperar a cena criada no último ensaio. nesta, há um momento em que eu pego nos cabelos de Regina (a propósito, Regina está na foto do post anterior, Elas, ao lado de Elis). incrivelmente, reparo que são da mesma cor e quase da mesma textura da mechinha de minha mãe. e tenho que mexer neles, afagá-los. afagando-os eu estou, na verdade, atenuando o momento que está por vir: o homicídio do personagem da mãe. eu que já estava um tanto comovida com a beleza quase psicodélica que a cena está formando - neste ensaio foram acrescentados mais signos, música, movimento... e ah! quase esqueço de dizer que também foi incluído um pedaço de cena que nós tinhamos criado num outro ensaio, a lembrança de um momento de nossa infância. enfim, por tudo isso, meu clandestino coração não aguentou e as lágrimas vieram. vieram e encontraram apoio na sensibilidade e compreensão de meus dois companheiros de trabalho: Diógenes, o dramaturgo a quem sempre me refiro e, claro, Regina. mas fiquei meio lesa pelo resto do dia. em casa, meu pai procurava os motivos de meu silêncio. e só o relato aqui, neste espaço, que é onde tenho menos (mas inda não me isento de) censura. mas compalavras verbalizadas, a ninguém.
24/04: hoje faz 6 anos da morte de minha mãe. longe de contar detalhes de sua existência, deixo aqui um poema de Elisa Lucinda que eu adoro:


Incompreensão dos Mistérios

Saudades de minha mãe.
Sua morte faz um ano e um fato
Essa coisa fez
eu brigar pela primeira vez
com a natureza das coisas:
que desperdício, que descuido
que burrice de Deus!
Não de ela perder a vida
mas a vida de perdê-la.
Olho pra ela e seu retrato.
Nesse dia, Deus deu uma saidinha
e o vice era fraco.