domingo, 30 de janeiro de 2011

Poesia de 5ª

cansada demais de começar tudo e terminar nada
o mundo acontecendo lá fora
e aqui dentro, o que?
querendo loucamente atuar cantar falar tocar viver
mas não posso (não sei) fazer mais nada sozinha
e só vejo as coisas à minha volta se diluírem
se esgarçarem
não tem graça
não tem drama
contemporânea, performance
pré ou pós
nem esta poesia de merda presta
barata, fodida
como poderia prestar
se este ar está pesando de nada?
de vazio criativo,
inconcretude de projetos
abortados
tá tudo uma merda
e as pessoas fujindo
bando de covardes
tou cansada de viver à margem
é impossível suportar a vida como um momento além do cais
que passa ao largo de nosso corpo
[...]
as coisas passando eu quero é passar com elas eu quero
[...]
pois não sou eu quem via ficar no porto chorando não
lamentando o eterno movimento
[...]
tou me sentindo pura merda
quanto a mim: mais vale um cachorro morto
porque sou tão estóica quanto um rato morto
se estou sozinha em casa grito
todos os meus medos
meus dramas
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhh
Mesmo com o nada feito o nó no peito a cara dura com o todavia com todo dia com todo ia todo não ia não tem mais jeito não tem mais cura




e se eu achar que esse post tá fedendo mais que a situação eu excluo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eu vi a Betha

Eu vi a Betha?






As queimaduras externas ainda ardem,
mas as internas são de maior grau.
Atritaram-nas contra uma superfície áspera esta manhã.
Não sei mais nada.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Pedi mirra veio ouro

Como vocês podem conferir nos comentários de dois posts anteriores, pedi a minha querida Andréia que fizesse o prefácil de meu livro. Ei-lo:

Pre(difícil)

Nara, eu não sei como te dizer, sinceramente, aos prantos estou só de pensar no que vou ter que te falar. Mas como você me conhece muito bem, não posso mentir. Seria hipocrisia minha? O que seria? Falta a palavra apropriada para a emoção. Saramago saberia muito bem do que estou falando.

Andei pensando muito, nas últimas horas, como eu faria para escrever o prefácio de um livro seu. Acontece, que eu não consigo.
Andei lendo muito, nas últimas horas, tentando encontrar uma maneira de apresentar o caminho que você, com seu dom esplêndido, construiu para a representação da vida nos seus contos.
Acontece, que eu não acho.
Minha cara amiga, não de velhos, mas de intensos tempos, a emoção me invade. Como quando fui assistir à sua primeira apresentação teatral. Lembro bem, Joana e Medéia, não consegui conter minhas lágrimas durante todo o espetáculo. Como diria o outro, “a lágrima é o estado líquido da alma”, e assim eu estava ali, pura alma, que não cabia em si de tanto orgulho da amiga de batom vermelho e voz de gigante, sentia emoção e tudo o que só os imortais podem descrever. Assim também estou agora.
Orgulho, essa palavra não é tão boa de se pronunciar quanto adstringência, ou como aquelas que dizíamos enquanto subíamos pelo canteiro da Floriano Peixoto. Mas tenho essa palavra de você. E eu sou muito feliz por isso.
Te contei e recontei tantas coisas. Tantos segredos de liquidificador. Que agora não posso, não, Nara. Me deixa na tarefa de viver a personagem, de editar os inexistentes erros gramaticais que no teu livro contiverem, é mais fácil, é mais simples, porém sincero. A propósito, você já pronunciou isso em voz alta “Meu livro”? A cara da riqueza.
Andei vendo suas recomendações de leitura, de música. Que maravilhas você encontra por aí, hein? A moça que nasceu no lugar errado, no tempo errado, consegue adivinhar meus pensamentos no tempo certo, é aquela coisa, né, Aquela...
Ah, por tudo, desde o início, nossas primeiras interpretações de Caio Fernando Abreu, caminhando por Chico Buarque, Elisa Lucinda (a quem você me apresentou e sou muitíssimo grata por isso), Caetano, “balisa... anh, balisa...”, tantos momentos que fazem você se tornar cada vez mais uma pessoa dessas que eu nem sei como e porquê eu tive a sorte de me quererem em sua vida.
Por isso tudo eu deveria fazer, mas por isso tudo também eu não posso.
Um soneto de Paulo Mendes Campos, encontrado no Blog de Antônio Cícero, o qual você me recomendou:

Neste soneto, meu amor, eu digo,
Um pouco à moda de Tomás Gonzaga,
Que muita coisa bela o verso indaga
Mas poucos belos versos eu consigo.
Igual à fonte escassa no deserto,
Minha emoção é muita, a forma é pouca.
Se o verso errado sempre vem-me à boca,
Só no meu peito vive o verso certo.
Ouço uma voz soprar à frase dura
Umas palavras brandas, entretanto,
Não sei caber as falas de meu canto
Dentro de forma fácil e segura.
E louvo aqui aqueles grandes mestres
Das emoções do céu e das terrestres.

Espero que você não fique decepcionada comigo. Você não pode.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Em tempo

Sobre o dia 15.01.2011, alguns recortes:

Pra onde olhas, beija-flor de minha antena?
A que ponto se direciona teu bico agulha, bico agudo
Que faz ângulos obtusos no céu claro
Desta tarde de verão?
Seguirás apenas teus animais instintos ou,
Admiras, de teu mirante,
O mar de encontro ao horizonte?
Vai, beija-flor, segue teu rumo,
Que este mundo quase que é só de dor
Se não fosse por tu, beija-flor de minha antena.

Dornervosadebarriga.

Areia escorrendo pela mão – a outra já chegou ao nível da alucinação.

Datilofotografias em movimento:
Cabeças que vem e vão velam e desvelam a imagem daquela que me re-pariu.
Pernas que vão e vem, grossas, finas, másculas e femininas, doutos em ritmo e compasso.
Visão que versa, busca, pula, guarda, alterna entre a expressão capturada no telão e a figura distante, porém matéria viva.

Sede aperto dornascostas estrada sem fim.
Esquecimento: lapso provocado pelo acaso que nos (me) assalta desapercebidos. A sapa, vejam só que maravilha, nos (a ele) ajuda a manobrar o carro em meio ao trânsito infernal. Muito agradecida.

Alma lavada.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Conto nº 2

Andréia sugeriu que eu postasse esta que é minha primeira "produção literária", se assim podemos chamar a primeira transcrição para o papel de uma das muitas histórias que habitam a cabeça de uma criança de 6 anos. Ei-la: