sábado, 31 de outubro de 2009

Maitê

Proença



...não se morre de intensidade. Morre-se, ao contrário, pelo embrutecimento.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ro Ro (again)

PS (pré-scriptum): juro que não sabia que era da Ro Ro quando ouvi.





Não há princípio que resista ao fim.





PS (post-scripitum, àquela mesma pessoa do post anterior): pra mim não chegou ao fim. Espero que você possa entender que a pior parte está passando. Esse meu maldito defeito, e eu nem acredito que estou chamando isso de defeito, de me entregar inteiramente às pessoas, de coloca-las preciptadamente, isso é o que dizem, em lugares muito especiais e secretos do meu âmago, esse defeito, acredite, tem validade. Logo logo eu desperto pra realidade e vejo como as coisas realmente são, sem distorções, então aí as coisas passam a ficar mais "saudáveis". Acho que não me expressei perfeitamente bem, mas não importa. Importa é que agora nós podemos continuar sem mais medos ou.
Até breve.

domingo, 25 de outubro de 2009

Ro Ro

Acabo de assistir a uma entrevista com a Ro Ro. Não pretendia escrever nada aqui sobre. Aliás, não pretendia escrever tanto aqui, mas... enfim. Depois de começar o dia não tão bem provando o gosto amargo da indiferença, acre principalmente porque proveniente de quem amo, ouvir a Ro Ro dizer o quanto ama a vida me trouxe uma espécie de alívio/conforto ao coração. Não sei. Sei é que o mundo não é tão pequeno assim como dizem e que ainda tem muita gente bacana pra eu conhecer. Além da voz, aquela maravilha de voz, fiquei impressionada com a simplicidade da Diva (desculpem, pra mim ela é) e a honestidade que tem consigo mesma. Virtude. Honestidade e respeito, que tecnicamente não deviam combinar com a porra-louquice da qual ela fez, embora não tenha deixado de fazer, parte. Louquice, loucura... muito se falou em loucura na entrevista. O álcool, o cigarro, as drogas... as polêmicas, os escândalos, tudo isso ela deixou de lado, mas afirma que não a loucura, inerente a ela, todo o ser dela, ela. "Nunca compus sob efeito de nada". Eu acredito em suas palavras e acredito que tais se justificam por essa mesma loucura que a integra. Palavras. Como achei-as bonitas. Quão clara ela foi e transparente e delicada e... molestada aos 9 anos... surrada já adulta pelo hipócrita conservadorismo de uma sociedade "porcaria". Que atentado à moral que nada! Tive nojo desta porcaria em que vivemos, nojo! Burra, reta, incapaz de compreender naturezas humanas mais sensíveis, mais intensas. E saber que não temos pra onde fugir... não, temos sim. Angela, querida, eu preciso te ouvir!! Me salve! Salve o seu público pequeno e fiel. Obrigada por se cuidar, por amar, por ser feliz...

É o que pulsa o meu sangue quente
É o que faz meu animal ser gente
É o meu compasso mais civilizado e controlado
Estou deixando o ar me respirar
Bebendo água pra lubrificar
Mirando a mente em algo producente
Meu alvo é a paz!
Vou carregar de tudo vida afora
Marcas de amor, de luto e espora
Deixo alegria e dor ao ir embora
Amo a vida a cada segundo
Pois para viver eu transformei meu mundo
Abro feliz o peito, é meu direito!

sábado, 24 de outubro de 2009

Uma vida inventada

Nas noite de céu pelado, sem estrela, é porque elas desce das alturas e mergulha no fundo do mar pra iluminar as festa do povo que vive dentro das água. Lá nas fundura tem uma rainha muito bonita que anda arrodeada das onda. As onda são suas princesa. E é assim, acompanhada com aquela bordadura das renda de espuma, que ela aparece pros súdito. Um esplendô, todo iluminado pelas estrelinha. Por isso que no dia seguinte das aparição da rainha sempre chove. É pra facilitar as estrela de tornar pra perto da lua, pulando e subindo de gota em gota.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

TPM x Ópio

Segundo especialistas, o efeito que o ópio, a droga, aquela mesma que os orientais sabiamente (ou não) usavam, faz no organismo do ser vivo é o de completa tolerância e resignação para com as dores, essas físicas ou emocionais. Sob seu efeito, a pior das dores torna-se perfeitamente suportável e a pessoa simplesmente aceita as desgraças mundanas.
Já no extremo oposto disso, encontramos a chamada TPM, sigla para tensão pré-menstrual, sendo que o sujeito oculto desta oração vem a ser nós, as mulheres, condenadas biologicamente a esse martírio que a poeta Elisa Lucinda denominou "mensal das Evas". Pois bem, caras senhoras, é a vós que escrevo. Sei pelo que passamos. Acredito que o estado emocional em que ficamos todo mês seja exatamente o contrário daquele em que o ópio nos deixa, ou deixa quem o consome. Passamos a sentir todas as desgraças do mundo, a percebê-las e tomá-las para nós, a desistirmos das nossas lutas; perdemos as forças, um mínimo de desatenção chega a ser a gota d´água para um relacionamento.
Pois bem, este artigo não quer ser mais que um mero constatador (?) do antagonismo dessas duas coisas, o ópio e a TPM (que curiosamente são masculino e feminino), fruto da experiência desta que vos escreve.
Quero deixar claro que não estou aqui fazendo apologia ao uso de drogas, seja ela de que tipo for. Apenas um conselho às minhas companheiras do sexo frágil (até parece ¬¬): não tomem nenhuma decisão durante esse período delicado de suas vidas. O mundo não é de todo uma desgraça como parece, assim que passar o efeito dessa nossa droguinha interna vocês vão descobrir.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lennon,

jamais Lênin.



A vida é o que lhe acontece enquanto você está ocupado fazendo outras coisas.

sábado, 17 de outubro de 2009

De louça fina

Daquilo que foi excluído...

Não pude deixar de notar. Exatamente no meio do prato, de louça fina, havia um furo. Não um furo propriamente dito, mas uma marca mais forte que as outras. Pratos, se usados, têm mesmo seus riscos e arranhões, é a natureza deles, seu destino, sua sina. E essas marcas, esses riscos, todos e cada um deles, mostram quantas histórias um prato tem pra contar, se pudesse contar, não importa se é de louça fina ou de material barato. Bom, mas o prato não é, em si, o protagonista dessa história, como também não é apenas um coadjuvante, pois será o responsável pelo desfecho desse conto.
O que não me sai da cabeça é o furo. Louça fina certamente é usada por gente “fina” e gente fina também tem suas alterações, seus momentos de ira. Posso estar indo longe mas não deixo de pensar que aquele furo, mais forte que os outros, derivou da reação de alguém a alguma coisa e não de um simples e corriqueiro escorregão de talher por seu manuseador. Reação química: o cérebro recebe uma informação que é repassada em forma de estímulos nervosos para o corpo, os músculos e, dependendo da pessoa, ela pode exteriorizar de forma violenta. No caso, o prato foi a vítima. O que terá sabido ou visto ou sentido essa pessoa para ter “esfaqueado” o prato com tanta força? A filha está grávida! Ou pode ter passado no vestibular... a mulher perdeu o emprego, ou foi promovida! A sogra enfartou ou... não. Essa já seria a notícia boa! Ela pode ainda ter visto seu amante na mesa logo ao lado, tão perto e tão fácil pra puxar assunto com o seu esposo! Mas seja por que motivo for essa é a cena que eu imagino: ele/ela bateu no prato com força, com toda a sua força, levantou-se da mesa ainda com mais violência chegando a entornar o vinho e a afastar os pratos dos seus acompanhantes alguns centímetros. Foi-se embora.
Olho para o prato e já nem sinto vontade de comer. A contrariedade dessa pessoa transmitiu-se para mim. Levanto da mesa, deixo alguma gorjeta para o garçom. Vou-me embora.

Noite Carioca, o bar, jan/2009.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Amor lésbico

Bem, esse vai ser um tema bastante recorrente aqui, acredito.
Nem que eu quisesse conseguiria me livrar desse amor lésbico que me acompanha desde a infância e que já me arrancou lágrimas, sorrisos, gritos histéricos, silêncios. A Música há de ser sempre a minha fiel companheira por onde quer que eu ande, hoje e daqui a cem anos. Disso não tenho dúvida, embora ache que não mereça - não lhe dou a devida atenção. Não importa.
É incrível a capacidade que ela tem de se manter nova, viva... pode ter décadas de existência, mas quando alguém a descobre ela imediatamente renasce. Acabo de descobrir uma, bem conhecida por muitos, a maioria acho, mas até então ignorada por mim. Dona Elis soube mesmo e ninguém melhor que ela poderia ter cantado essa composição do Belchior. É essa mesma que vocês estão pensando. Sua letra é tão real que eu poderia, assim como muitos, tomá-la para mim, dizer que minha, e tais palavras saíriam de minha boca com a autoridade de quem as viveu, não fosse o stauts quo já mencionado aqui. Mas, sim.. poderia.
Para não me estender mais, aqui vai ela. Leia. Se possível ouça.


Não quero lhe falar, meu grande amor,
das coisas que aprendi nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
e tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar,
eu sei que o amor é uma coisa boa,
mas também sei que qualquer canto é menor
do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem: há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado prá nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão
e beijar sua menina na rua
é que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão,
digo que estou encantada como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão,
pois vejo vir vindo no vento cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo, eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos
ainda somos os mesmos, e vivemos
Ainda somos os mesmos, e vivemos
como os nossos pais...
Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu tô por fora, ou então que eu tô inventando,
mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
que o novo sempre vem...
Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
tá em casa guardado por Deus
contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos
nós ainda somos os mesmos e vivemos
ainda somos os mesmos e vivemos
ainda somos os mesmos e vivemos
como os nossos pais...

domingo, 11 de outubro de 2009

Carta aberta a um perturbado (in)consciente

Tenho 18 anos e hoje é domingo. Desde sexta estou aqui, mas não queria vir. Vim. Embora quisesse ficar. É que pesei bem os prós e os contras pra ver onde o final de semana seria menos chato. Acho que errei na escolha. Ou não. Até que ponto estou sozinha aqui dividindo o apartamento com mais oito pessoas e até que ponto estaria acompanhada se tivesse ficado em casa esses dias? Veja bem: dezoito anos e té agora o que foi que eu fiz da minha vida? O que é que eu tenho pra te contar? Lamentos? Não sou Pixinguinha. Fui convidada pra participar de um grupo de teatro que tem por proposta representar sentimentos ou/e sensações de alguém da platéia que se dispõe, se voluntaria a contar. Ainda não começaram os ensaios, mas estou realmente tensa para que isto aconteça. Neles, nos ensaios, o próprio pessoal do grupo é que conta suas histórias para serem encenadas. Provavelmente vão pedir as minhas, mas o que é que eu vou contar?! Por quais situações já passei que valham a pena contar, que sejam dignas de ser encenadas? Já escavei minha memória até o osso e cada coisa que eu encontro me parece mais insignificante que outra. Tem a história da minha mãe, mas esta é tão pessoal e triste que não quero contar. E também não é minha, né... As demais parecem apenas confissões bobas de adolescentes. Você poderá me dizer que eu realmente, há bem pouco tempo, não passava disso. Mas e daí? Não tenho nada, nada aconteceu nem acontece na minha vida. Só o que tenho são sonhos platônicos. Nada. Estou vendo uns refletores aqui perto, seu canhão iluminando o céu noturno e estou escrevendo isto na frente de um Clio. Você sabe o que isto significa. Dezoito anos, praia, festa vizinha de casa e eu trancada. Isso é normal? Não que isso fosse me deixar bem. Nós sabemos o que me deixa bem, ou melhor, quem me deixa bem. Você sabe que aquela euforia toda não foi só por Elza Soares. Sabe que preferi ficar lá fora, mas que não foi pra manter o mito. Porém não posso acompanhar minhas pessoas em tudo, completamente entregue nem nunca tive alguém meu inteiramente, inteiramente não no sentido de posse, você sabe. E isso me deixa mal. Muito. Como diria aquele, eu sofro é de excessos. Excesso de paixão, de prisão, de solidão. Sou a prisioneira do castelo e espero fugir no dragão branco antes que me torne essa pessoa chata, ranzinza, amargurada que acho que estou me tornando. Prefiro a morte. E nem se escandalise com isto, faça-me o favor. O dragão braco tem nome, acho: independência econômica. Meu pai não é de todo a bruxa má que me prende nesse castelo. Tem um pouco de mim nela também, um pouco de minha essência, minha falta de atitude e não me refiro a uma rebeldia adolescente. Enquanto isto, só posso ficar na janela mais alta da torre mais alta à espera da primeira criatura que virá me salvar: o dragão branco, ou a morte.

Jampa, 11/10/2009.