sexta-feira, 30 de julho de 2010

Conto nº 1


fábula: o elefante e a formiga


Era uma vez uma formiginha bem pequenininha, e um elefante bem grandão.
Um dia a formiguinha ia andando alegremente quando de repente viu o elefante correndo atrás dela "eu vou pegar você!"
Então, a formiguinha correu e se escondeu num buraquinho, que era a casa dela. O elefante tentou entrar lá, mas como era muito grande não coube. Então se abaixou, olhou pelo buraco para a formiguinha e disse "eu vou embora, mas depois eu volto pra pegar você"
A formiguinha ficou bem quietinha, escondida na sua casa, esperando o elefante ir embora. Esperou, esperou... depois de um tempo, olhou pelo buraco e viu que ele tinha mesmo ido embora. Então, bem de fininho, foi saindo do buraco. Entõa, feliz, continuou caminhando até esquecer do elefante.
Mas quando menos esperava, viu o elefante correndo atrás dela "eu vou pegar você!". Então ela, novamente, correu e se escondeu no buraquinho bem a tempo dele alcançá-la. E mais uma vez esperou bem quietinha enquanto o elefante bufava de raiva e ia embora.
Depois da terceira tentativa, o elefante desistiu. Cançado, se encostou por ali mesmo e cantou para a formiga
"enquanto você dorme numa cama
fofinha, fofinha
eu durmo numa cama sem colchão
- toda de pau
e moro numa taperinha"

terça-feira, 27 de julho de 2010

A cama

na madrugada de ontem


Era bom aquele lugar do qual me recordo agora não sei por que. Nunca sabemos onde a meada desenrolará seu fio de pensamento naquele estágio de pré-sono. E não posso dizer que para por que continua, mas acabou chegando ao sítio da minha infância. Jamais hei de dormir melhor sono que os daquelas noites sertanejas. Nunca nenhuma outra cama me acalentará tão gostosamente quanto aquela velhinha, rangendo a velhice, desbotando o branco da tinta velha. Já na época eu dizia que preferia mil vezes aquela à de meu quarto oficial. “Então vamos trocar”, minha mãe dizia. Mas claro que fora do contexto a cama não teria o sabor igual. Me lembro que na hora de dormir eu me deitava, pedia meu leite com chocolate a mainha e depois do boa noite eu me encolhia sob o lençol fino e quentinho que até hoje guardo comigo; e enquanto os adultos continuavam na sala vendo a televisão pessimamente sintonizada, eu ouvia os sons da noite. Ouvia o uivo sinistro do vento pela fresta da janela. Ouvia o cantar agourento dos pássaros da noite. Ouvia o chocalho das vacas no curral a diante e por vezes jurei ouvir o barulho de uma criatura mágica que morava os sítios e a quem meu pai chamava Comadre Fulôrzinha. Por outras, via refletido no chão o reflexo de uma luz cuja origem nunca consegui encontrar em canto algum do céu. Depois imaginava lagos encantados escondidos por detrás das árvores que se seguiam para além da casa e cavalos lindos e brilhantes (eu gostava de cavalos) muito parecidos com os da animação contida no meu vídeo de primeiro aninho. E enquanto me aventurava em sua companhia perdia o fio do pensamento até adormecer como faço agora. Mas a cama

sábado, 24 de julho de 2010

Not to bad

21h03. Chego a pouco da casa de Larissa. Foi só o tempo de fazer xixi, tirar o sutiã, repor meu Lucinda que estava com ela na prateleira, comer a última fatia de pizza para eu sentar aqui e começar a escrever.

O dia foi ótimo. Me diverti muito mais do que se tivesse com a preocupação de voltar pra casa e me arrumar pra ir ao show do artista que nem gosto tanto assim. Eu voltei a jogar vôlei!... ou pelo menos por uma tarde. Redescobri o prazer do esporte que oito anos antes tive que parar de praticar por conta de uma hepatite. Mas hoje eu arrasei. Não tava mais com medo da bola e se não me atirava no chão pra pegá-la era por amor aos meus joelhos. Agora sou quase adulta e preciso me manter, no mínimo, apresentável. Mas foi uma maravilha, ganhamos quase todos os setes. Preciso repetir a dose qualquer dia. Quem sabe semana que vem...

Isso, o jogo, foi na casa de Cidcley. Na volta parei na casa de Lari pra provar a geléia que ela havia feito e da qual desde ontem fazia propaganda. Realmente, uma delícia. Acho que vou fazer dela aqui em casa!

Na cozinha, conversando, ou melhor, ainda antes, na casa de Cid, ela havia me falado que. Já na cozinha da casa dela, conversando eu, ela, a irmã e a mãe essas conversas de cozinha que só as mulheres sabem, a mãe contou que.

21h24. Uma pausa para lavar os pratos. Continuo: o marido chegou. Ela olha pra ele com os olhos fixos das mulheres que olham para os maridos que chegam [...] daquela mulher que é a mãe de suas filhas, a dona do seu lar e companheira de todas as horas. Ou respeito. Ele põe a chave do carro em cima da mesa “se quiser sair”. Ela faz uma drama como “mas a essa hora, pra onde é que eu vou?”. Bem, foi pelo menos me deixar em casa. Aquela cena familiar, hoje, sábado, final de mês, deve ter se repetido em outras, não poucas, casas por aí. [...] Minha realidade é bem diferente da de meus amigos. Morando com meu pai e sua atual esposa e filhos, conservo uma certa independência emocional.[...] Agora estou trancada no meu quarto e a vida de meu pai e sua nova família acontece porta afora sem que eu me incomode muito com ela. Essa preocupação não tenho mais. E por não querer voltar a tê-la é que está fora dos meus planos uma relação conjugal. Cada célula de meu corpo se movimenta em busca de liberdade. Apesar do barulho e das, graças a algumas mudanças cada vez menos, intromissões, considero minha convivência com esta família muito boa. E claro, muito diferente.

Obrigada, todos os deuses.

E caminhemos.

21h37.





PS: algumas passagens dessa estória podem ficar ininteligíveis. elas foram cortadas em favor da privacidade das personagens. afinal, a estória não é, de todo, minha.

Clarice

Lispector, parte n.




Acho que devemos fazer coisa proibida
– senão sufocamos.
Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Revisitando Macondo

Estou lendo Cem Anos de Solidão, aquele clássico do García Márquez, pela segunda vez, coisa que geralmente não faço com livro nenhum, já que existem outros milhões me agurdando para serem lidos. Mas deu-me a vontade e tive curiosidade de saber como reagiria dois anos depois de tê-lo lido. Na época eu ainda alcançava meus 17 anos e acho que não tive base suficiente para compreendê-lo. Achei a coisa mais sem pé nem cabeça do mundo. Extenso. Quase chato. Mas agora... Agora vejo fantasia, muita fantasia e uma carga enorme de conhecimento de todas as áreas do, novamente, conhecimento e cultura humanos pelo autor no enredo e seus personagens. A ourivesaria, a cartomancia, o mito ou lenda ou do que queiram chamar a pedra filosofal, os fantasmas, as doenaçs enigmáticas, a inteligência irresponsável de José Arcadio Buendía, os espírito de comando feminino em Úrsula, fora o complicado desenvolvimento da árvore genealógica dos Buendía que a certa altura do livro vai nos enlouquecendo. Tudo isso encontramos em Macondo, um povoado longe de tudo e perto do nada.
Enfim, queria poder dizer mais e melhor, mas digo que estou gostando mais dessa leitura. Daqui a mais dois anos pretendo lê-lo de novo. Até lá...

sábado, 10 de julho de 2010

Profecia

por Marina Lima e Antônio Cícero


Tchau, coroa
Tchau, Tchau cara
Sim, o tempo voa
Sou mulher já
Tem alguém à espera
Que vai ficar uma fera
Se eu demorar demais
Tem essa fissura, tem minha loucura
Tem a de vocês
Vocês sabem que eu os amo
E muito
Mas com licença eu vou à luta
Sem limite
E se a terra é mesmo fruta
Eu tenho apetite

Tchau, coroa
Tchau, tchau, cara
Sim, o tempo voa
Sou mulher já
A gente se liga
Tarde demais pra brigar
Pra que ficar rancor
Eu quero viver
Sim, quero viver
Vou com meu amor
Mas vocês sabem que eu os amo
E muito
Mas com licença eu vou à luta
Já disse
E nem tem essa de culpa
E nem tem palpite
Tchau