quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Fail

222 = ônibus errado. peguei ele 20 minutos adiantada e cheguei 15 atrasada na aula. resultado (da aula): péssima. fiquei nervosa, os dedos tremiam, nada de prazer. não sei se o professor acreditou no motivos de meu atraso. a cara cínica dele não permite sabê-lo, mas enfim. apesar da má execução do tema e das variações anteriores ele me passou duas músicas novas. chamam-se "Canção Francesa" e "Remando Suave". estressada como estava, foi só ele começar a tocar pra eu, num esforço sobrehumano, conter as lágrimas. quando me passou o cello e eu comecei a tocar, perguntou já havia tocado essa? não. tens o ouvido bom, hein? poderia ter dito não é o ouvido, é esse bem estar que vem tomando conta de mim desde que -- pra não dizer coração na iminência de uma paixão, que soa brega. até lingerie colorida andei comprando. anyway. a cabeça voava longe. depois dos meus quinze minutos de (tensa) aula, corri pra adufcg, onde estava havendo A Hora da Poesia. tema da vez: loucura. cheguei no finalzinho, a tempo de ouvir Mayra tocando violino lindamente (e aí as lágrimas vieram sem censura) e de eu falar um texto que, como expliquei na hora, não é poema, mas não deixa de ser poesia, contida n'A jangada de Pedra de Saramago.

A saber:

Ela é a que segue com os
olhos o comboio que vai passando e entristece de saudade da viagem que
não fará, ela é a que não pode ver um pássaro no céu sem experimentar um
apetite de alciónico voo, ela é a que, ao sumir-se um barco no
horizonte, arranca da alma um suspiro trémulo.


um pouco mais relaxada, voltei pra esperar a sala estar livre e aí me tranquei com o violoncelo durante uma hora, limite ao qual 'inda não havia chegado. isso por que me encantei pela música francesa, e só parei por que meus dedos pediam trégua, pelo amor de Deus. do contrário passaria o resto da noite tocando, repetindo, tocando, repetindo, tocando, repetindo a mesma música. das outras vezes parava por cansar da canção mesmo. mas dessa vez... bem, a melodia é simples, mas multipliquem por infinito o prazer que é tocá-la.