quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Uma crônica musical

de João de Barro


Mané Fogueteiro era o Deus das crianças,
da vila distante de três corações,
em dia de festa fazia rodinhas,
soltava foguete, soltava balões.
Mané Fogueteiro gostava da Rosa,
cabocla mais linda esse mundo não tem,
mas o pior é que o Zé Boticário,
gostava um bocado da Rosa também.
Um dia encontraram Mané Fogueteiro
de olhos vidrados, de bruços no chão:
um tiro certeiro varara-lhe o peito,
de volta da festa do Juca Romão.
E como os que morrem de tiro conservam
a ultima cena nos olhos sem luz,
um claro foguete de lagrimas frias,
alguém viu brilhar em seus olhos azuis.

Tudo são trechos que escuto, vem dela,
pois minha mãe é minha voz, como será que isso era?
Este som que hoje sim gera sois dói, dói,
aquele que considera a saudade,
uma mera contraluz que vem,
do que ficou pra trás, não este só desfaz
o ciclo
e a Rosa também.