Ensaiei um post inicial sobre
outro tema, mas as linhas que seguem dizem de algo que, para além das outras
tantas descobertas que venho realizando por este novo ciclo, tem despertado meu
interesse. Digo melhor, alguém. Por que não é sempre que há alguém. Mas, por agora, parece que está
para haver. Esse alguém de quem falo me aparece às segundas-feiras e ainda não
tive a sorte de esbarrar com o acaso num outro dia da semana. Ela, assim como
eu, não tem o corpo perfeito (e claro que digo isso em relação aos padrões que
por aí inventaram e que não são o meu). É assim: baixinha, meio peituda, as
pernas finas. Tem a pele clara que parece macia ao meu olhar enviesado,
disfarçado. O olhar dela ainda não captei, mas gosto do modo como eles (os
olhos) ficam apertados sob as sobrancelhas grossas quando ri. - Esqueci de falar do sinalzinho que tem na ponta do nariz e tive que voltar aqui pra registrar! - O cabelo é um
tanto extemporâneo. As mãos são, decididamente, muito bonitas. De unhas bem
cuidadas, dedos enfeitados por anéis de prata. Tem muito bom gosto as suas
mãos. A voz, meio falha, mas, ao mesmo tempo, segura. Fala coisas de terapia,
de yoga, sem aparentemente ser muito devota dessas práticas, mas acreditando.
Fala de cinema: quer ser roteirista. Penso que nossos interesses já se
aproximam de cara por aí. Enquanto ela estuda e se dedica sobre os roteiros
cinematográficos, eu cá trabalho com os “roteiros” para teatro, a chamada
dramaturgia. Gosto de ouvi-la falar sobre seus assuntos, se posicionar nos
debates. É esperta, bem-humorada e segura. É também jovial, o que cai muito bem
com seus trinta e poucos de experiência.Tenho vontade de puxar assunto. Até
pensei sobre um filme que tem a ver um pouco com as discussões que tivemos nos
últimos encontros: Amantes Constantes (Les
Amants Réguliers), do Philippe Garrel (pai do muso Louis e não o Bertolucci, por Deus!). Ia mesmo perguntar se ela conhecia
quando, ao final da aula, acabamos nos dispersando. Enfim, espero encontrar
esta mulher de nome proibido na próxima esquina, ou até que chegue a
segunda-feira.
[Na tarde de ontem]