sábado, 13 de fevereiro de 2010

A quem interesse

É fato: a chuva quando vem não vem mais chuva, vem enchente. É nessa hora que aqui no Nordeste cantamos Senhor, pedi pra chover, mas chover de mansinho (Gonzagão), embora aqui eu esteja falando no sentido figurado. O ano começou e parece que todo mundo resolveu me convidar pra participar de seus projetos, ou recuperar os que ficaram pendentes. E eu, que gostaria de participar de todos, descubro que não posso abraçar o mundo com as pernas. Aí peno, lanho o pensamento na difícil tarefa de escolher as prioridades. Escolho, mas escolhendo também renuncio. Antes de tudo resolvi estudar para um concurso público, e assim se vão quase quinhentos reais e as minhas tardes de segundas a sábados. Já sinto a pressão da faculdade esse ano, onde não vou ter mais a vida boa (e livre) que tive ano passado. Recebo um convite para participar de uma peça chamada Tempo de Guerra, a la Bethânia, onde eu também vou cantar e atuar com pessoas que amo e admiro. Ligado a isto está um projeto de um professor de letras da universidade, onde posso concorrer a bolsa de estuda. Mas projeto de bolsa eu já vinha encaminhando desde o ano anterior com outro professor, este de física, e para o qual eu farei uma leitura dramatizada de uma peça de Michael Frayn, Copenhagen, dentro de sua tese de doutorado. E quando penso que já haviam desistido de mim, recebo (again) o convite de participar do Playback (grupo de teatro de improviso) como musicista. Na verdade dessa vez nem foi mais convite, eu já nem sei o que foi. Enfim. Depois de muito refletir - e pedir orientação a minha Nossa Senhora, já decidi que caminhos vou seguir. E vou confiante, pois nunca me arrependi de decisão nenhuma e achoi que não vai ser agora que vou errar. Algo dentro de mim diz que vai dar certo.
Esses caminhos vocês conhecerão nos próximos posts.


Neste ínterim, claro, não abandonei a leitura. Recomecei a ler um livro de Simone de Beauvoir, Por uma moral da ambiguidade, que contem dois ensaios filosóficos. O primeiro homônimo ao título do livro e o segundo chamado Pirro e Cinéias. Comecei por este último. Basicamente fala da inutilidade das caminhadas que o homem faz no decorrer de sua vida, pois no fim ele acabará voltando para o seu ponro inicial e terminar seus dias em completo ócio. Se reduziu às dimensões de um átomo e escolheu viver fora do mundo, sob as águas silenciosas e indiferentes, no coração de um talo de lótus.
Sobre este livro, falarei melhor depois.


E acabo de ler esta inadjetivável crônica do Fabrício Carpinejar, da qual trancrevo abaixo o último trecho (e eu realmente sugiro que a leiam completa em seu blog):

– Feliz, filho?
– Sim.
– Desculpa, não percebi o cansaço.
– Sabe por que chove, pai?
– Para diminuir o calor?
– Não, é para o mar pensar. Ele não consegue pensar com tanta gente dentro dele.

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