quinta-feira, 18 de março de 2010

Hoje a poesia me puxou pela orelha

e gritou sou eu que te leio!


Quando cheguei na universidade, hoje pela manhã, estava um rapaz muito falante dando uma "palavrinha" para a turma. Com todo o entusiasmo de um amante que fala da coisa amada, ele (Jair Silva, historiador, poeta, militante da cultura negra), mais que informava, recitava um evento que ocorrerá na próxima semana em homenagem ao Dia Internacional da Poesia e do Combate ao Racismo. É a Sexta-feira Maldita (Teatro Rosil Cavalcanti, dias 23 e 24, a partir das 19h), que abre espaço para debate sobre a poesia marginal de autores como Baudelaire, Cruz e Souza e Castro Alves.
No dia 25, em continuação, haverá um Sarau Poético na SAB do bairro Santa Rosa, com a participação da banda Orquídeas Francesas. O sarau faz parte do projeto, idealizado por Jair e pelos ex-membros do CA de História da UEPB, de levar cultura às comunidades carentes. Fazer com que olhem para quem sempre olhou por eles. Os poetas malditos e a contracultura, o lado underground da coisa.


Agora à tarde fui assistir À Hora da Poesia, na UFCG, grupo do qual, infelizmente, eu tive que sair - a correria dos dias vem me roubando da poesia. Mas hoje ela me puxou pela orelha. O tema do mês foi "poesias sobre poesia". Foi lindo. Foram falados (better than recitado ou declamado) autores como Antônio Cícero (link para o blog dele, ACONTECIMENTOS, na coluna "Amiúde aqui"), Mário Quintana e Drummond. Na segunda parte do encontro eu falei Clarice Lispector em E eis que às três horas da manhã eu me acordei e me encontrei. É, não resisti! A música também estava agradabilíssima: Jorge Ribbas tocando Chico Buarque lindamente....


Ontem eu estava me deliciando ouvindo o Drama 3º Ato (1973), da Betha. O texto de Luís Carlos Lacerda, que introduz "Esse Cara", de Caetano:
Mora comigo na minha casa
Um rapaz que eu amo
Aquilo que ele não me diz porque não sabe
Vai me dizendo com o seu corpo
Que dança pra mim
Ele me adora e eu vejo através de seus olhos
O menino que aperta o gatilho do coração
Sem saber o nome do que pratica
Ele me adora e eu gratifico
Só com olhos que eu vejo
Corto todas as cebolas da casa
Arrasto os móveis, incenso
Ele tem um medo de dizer que me ama
E me aperta a mão
E me chama de amiga.

E o texto de Antonônio Bivar Era uma vez mas eu me lembro como se fosse agora, que eu já postei aqui, que introduz uma musiquinha liiiiinda. Eu não sei donde Marino Pinto e Paulo Soledade tiraram tanta delicadeza:
Um pequenino grão de areia
Que era um eterno sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pode com ela se encontrar
Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O que há de verdade
É que depois, muito depois
Apareceu a estrela do mar.

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